Conscientização

A mulher na Segurança da Informação

É inegável que a participação das mulheres em diversos setores da sociedade tem passado por um grato crescimento. Mas ainda há muito a ser conquistado.

No mercado de trabalho, por exemplo, ainda se busca maior igualdade em termos de remuneração e reconhecimento, ainda que as mulheres caminhem lado a lado com os homens no que diz respeito à competência, responsabilidade e demais qualidades exigidas a todo bom profissional.

E como será o cenário da mulher na Segurança da Informação onde, cada vez mais têm escolhido estudar, participar e contribuir?

A economia retomando os trilhos e o maior número de negócios e transações que hoje dependem da internet são dois dos fatores que contribuem para o crescimento do setor – e a necessidade de pensar em políticas voltadas à segurança da informação.

Neste material, falaremos um pouco mais sobre a crescente participação das mulheres na tecnologia e os desafios que encontram para pavimentar um caminho em busca de maior poder de decisão, de igualdade e de oportunidades – hoje e para as futuras gerações.

Além disso, faremos uma análise da presença das mulheres em cibersegurança e os desafios que enfrentam.

As mulheres no mercado da tecnologia

Apesar do movimento de emancipação das mulheres estar em ascensão, o mercado de tecnologia, TI e SI ainda encontra um grande gap – sobretudo em relação à força de trabalho.

São mais de 400 mil vagas em aberto, que não são preenchidas nem por homens e nem por mulheres, só considerando o Brasil. A nível de América Latina, esse número aumenta para 600.000.

Essa grande quantidade de posições em aberto, traduz a necessidade do mercado por mão de obra qualificada no que se refere à segurança da informação.

Segundo dados da Organização dos Estados Americanos (OEA), apenas 11% das mulheres que trabalham no setor de tecnologia concentram-se em segurança cibernética. Considerando a América Latina, o número de mulheres atuantes na Segurança da Informação cai para 8%.

Mais impressionante: ao contabilizar posições executivas, o estudo relata que apenas 1% das mulheres têm o poder de decisão dentro das empresas. Isso retrata que, em cargos de tomada de decisão, diretoria, vice presidência e presidência, a presença das mulheres ainda está aquém do que deveria.

E como o home office é realidade para muitas mulheres, por isso sugerimos o acesso ao infográfico que mostra como manter a produtividade e segurança digital mesmo trabalhando remotamente:

ACESSAR INFOGRÁFICO – HOME OFFICE

Desafios das mulheres na cibersegurança

Além dos desafios comuns, como planos de carreira pouco claros para as novas funções que surgem no setor e o custo relativo à qualificação para se preparar e trabalhar no setor, as mulheres encaram outros obstáculos para se afirmar no dia a dia.

Como retrato de uma sociedade cujo machismo ainda é intrínseco, as mulheres têm de lidar com inúmeros abusos, preconceitos e desrespeitos na busca por exercer e defender aquilo que acreditam no campo profissional.

Um dos maiores problemas continua sendo a desigualdade salarial. É o que aponta o relatório 2019 Women in Cybersecurity, do (ISC)2, identificando que 17% das mulheres do mundo receberam salários entre US$ 50.000 e US$ 90.000 mil, enquanto para os homens esse percentual foi de 29%. Quando se fala em valores entre US$ 100.000 e US$ 499.999, esses percentuais são de 15% para as mulheres e 20% dos homens!

Além da diferença salarial, as mulheres na segurança da informação enfrentam outros desafios em sua rotina profissional. Os principais podemos ver a seguir – vale lembrar que homens também apontam muitos desses problemas em sua jornada dentro das organizações.

• Falta de comprometimento da alta administração;

• Risco de terceirização de seu trabalho terceirizado;

• Ameaça da inteligência artificial (IA) reduzir a presença de trabalhadores de segurança digital;

• Grande dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional.

Avanço das mulheres na Segurança da Informação

Ainda há muito a ser feito para que a mulher ocupe o espaço que merece no mercado de trabalho, incluindo o setor de TI. No entanto, o relatório 2019 Women in Cybersecurity apresenta dados encorajadores.

A pesquisa nota que, em face da necessidade das empresas em se qualificar no que se refere à segurança da informação e proteção de dados, somado ao gap de vagas no mercado, as mulheres têm investido mais em estudos, licenças e formações – em comparação aos homens.

É dessa maneira que elas têm se destacado: qualificando-se para assumir posições estratégicas e de liderança.

No número total, os homens superam a força feminina em cibersegurança – a proporção é de 3 homens para cada mulher em segurança da informação -, mas elas chegam ao mercado com níveis de educação mais altos e com mais certificações, e normalmente mais jovens, quando comparamos à ala masculina.

A pesquisa revela que 44% dos homens possuem pós-graduação, enquanto o número de mulheres com essa grau de escolaridade é de 52%. É natural, portanto, que mais mulheres comecem a se destacar e ocupar cargos de liderança.

Os números do relatório nesse quesito é mesmo animador:

• Diretoria de tecnologia: 7% das mulheres e 2% dos homens

• Vice-presidência de TI: 9% das mulheres e 5% dos homens

• Diretoria de TI: 18% das mulheres e 14% dos homens

• C-level / executive: 28% das mulheres contra 19% dos homens

Em 2017, o relatório apontava que 11% da força de trabalho era formada por mulheres na segurança da informação. Dois anos depois, esse número pulou para 24% da força de trabalho total.

Para Jennifer Minella, vice-presidente de engenharia e segurança da Carolina Advanced Digital, Inc. e presidente do Conselho de Diretores do (ISC)2, “é encorajador que mais mulheres estejam tendo sucesso na segurança cibernética e subindo nas classificaçõesPrecisamos continuar a fazer tudo o que pudermos para tornar a nossa profissão acolhedora para os indivíduos mais talentosos e inovadores, independentemente do sexo.”

É encorajador, também, deduzir que tendo mais mulheres em segurança da informação, atuando em cargos mais elevados, elas ajudarão a promover mais inclusão no setor, além de inspirar outras mulheres a trilharem esse mesmo caminho.

E, claro, a organização como um todo, e o setor de cibersegurança em particular, saem ganhando com a diversidade, que promove a convivência e levam a um bem maior.

O futuro das mulheres na Segurança da Informação

Para quem tem a falsa ideia que o sexo feminino não combina com a área de tecnologia e segurança digital, vale lembrar algumas mulheres pioneiras no setor.

Ada Lovelace, matemática e escritora inglesa, desenvolveu o primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina, em 1843. Isso significa que o primeiro programador da história foi uma mulher – ou melhor, a primeira programadora!

O filme Estrelas além do Tempo, por sua vez, mostra a história de três mulheres que driblaram o preconceito para ajudar a NASA a colocar o primeiro americano no espaço, no auge da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética, nos anos 60.

A genial matemática, física e cientista espacial Katherine Johnson, a engenheira Mary Jackson e Dorothy Vaughan, cientista em decodificação, cujo trabalho foi determinante para a implantação do Fortran – sistema de linguagem de programação criado nos anos de 1950. As três foram essenciais para que o projeto fosse concretizado, com sucesso, em 1961.

Ainda que a presença das mulheres seja aquém do esperado e que elas enfrentem inúmeras dificuldades e preconceitos para ser notadamente reconhecida por sua capacidade em um mercado, em sua maioria, machista, o futuro pode reservar boas perspectivas.

A maior importância que têm sido conferida à segurança da informação, a nível mundial, em face à presença contínua da internet em nossa vida e o grande volume de dados que depositamos na rede e que precisam ser protegidos, sugere um aumento de demanda por profissionais e oportunidade para abraçar novos projetos na área.

De acordo com estudo do (ISC)2, que fez o detalhado levantamento sobre a força de trabalho no setor de cibersegurança, quase metade dos entrevistados ao redor do mundo admitiu que pretende aumentar sua equipe de Segurança da Informação no próximo ano.

Considerando que a maior parte do estudo foi realizado com base de análise nos Millennials e na Geração Y, onde as mulheres compõem atualmente 24% da força de trabalho, e que o mesmo relatório indicou maior investimento das mulheres em pós graduações e outros cursos voltados ao aperfeiçoamento em cibersegurança, é correto afirmar que elas estão se preparando para enfrentar os desafios e ocupar espaço, demonstrando toda sua competência profissional.

Além disso, a atuação das mulheres na segurança da informação pode agregar valores significativos em função de suas habilidades naturais, como: precisão nos detalhes; avaliação rápida de problemas complexos, chegando à soluções práticas; capacidade para gerar múltiplas tarefas, sem interferir na liderança de equipes, etc.

Essas capacidades já são devidamente reconhecidas por muitas empresas que estão investindo nas mulheres, abrindo espaço em seus laboratórios e no campo de trabalho para acolhê-las e dar espaço para que desenvolvam todo o seu talento.

A tecnologia e a gestão de segurança digital são para todos. Nada mais justo que sejam pensadas e criadas por pessoas diferentes, trocando informações em um espaço criado para a participação de pessoas com competências e habilidades variadas, gerando maior número de insights e, claro, de soluções também.

Entretanto, há muito espaço a ser conquistado pela mulher na segurança da informação.

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Mulher e Tecnologia: entendendo o seu papel

Uma pesquisa da Booking.com, demonstrou que as mulheres da área de tecnologia entendem a importância de seus cargos para o futuro do setor, tendo a intenção de permanecer na área nos próximos anos.

O estudo,  feito a nível global, demonstrou as experiências e as percepções de mulheres que trabalham no setor tecnológico, revelando os níveis de satisfação dessas mulheres diante de promoções e reconhecimento de seu trabalho, ficando claro que isso influencia muito a intenção de seguir na carreira – um ambiente positivo, aliás, é um dos itens avaliados para que empresas  recebam a certificação Great Place To Work e a IBLISS foi contemplada.

Em contrapartida, aquelas que não desejam continuar no setor justificam a decisão (e falta de motivação) em função de suas opiniões não serem valorizadas ou porque não conseguem identificar meios de continuar a crescer profissionalmente – sentem que a carreira está estagnada!

No entanto, para grata surpresa, a pesquisa com mulheres brasileiras mostram que 9 em cada 10 mulheres que atuam na área tecnológica recomendariam a carreira para a próxima geração de estudantes do ensino médio e universitárias.

Essas mesmas mulheres sentem-se motivadas a superar problemas de desigualdade de gênero no setor, além de defender outras mulheres que passem pelo mesmo problema, unindo forças e fazendo a diferença diante da necessidade de buscar maior igualdade para o público feminino.

Iniciativas colaboram com a inserção da mulher na Segurança da Informação

O primeiro passo para colaborar com a inserção de mulheres em tecnologia é desconstruir a ideia de que a área não é uma boa carreira feminina.

No Brasil e no mundo têm surgido iniciativas para debater o tema e atrair mulheres para a tecnologia. A Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) criou o Woman@Comp, enquanto o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desenvolveu o projeto Emílias – Armação em Bits, apoiado pelo edital Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação.

Já a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) possui o programa Meninas Digitais, que oferece oficinas e minicursos sobre desenvolvimento web, aulas de robótica, jogos para computador, construção de páginas pessoais, podcasting e blogs. Também disponibiliza palestras onde apresenta vários casos de sucessos da participação feminina na área de tecnologia e procura envolver as estudantes que já fazem cursos em tecnologia com o projeto Meninas Digitais – evitando que desistam dos estudos.

Outras maneiras apontadas como essenciais é  implementação de políticas públicas pontuais, começando pela educação. Um bom exemplo nesse sentido é o ensino de tecnologia desde a primeira infância, como as oficinas de robótica que ocorrem na creche da USP São Carlos e descortinam às crianças, independentemente do gênero, a beleza da tecnologia.

Quando o assunto é tecnologia e acesso seguro à internet, a IBLISS também aposta nos cuidados desde a infância. Por isso, criou o projeto SEC4KIDS, sendo reconhecida como Parceiro que faz a diferença, pela Fundação ABRINQ.

Também é imprescindível a fiscalização das leis trabalhistas, principalmente a obediência do limite de horas semanais. Isso porque a mulher, de modo geral, tem outras funções diárias fora do ambiente de trabalho, como cuidados com a família e com a casa.

O último elo dessa corrente de esforços são as empresas, que devem construir espaços de trabalho aptos a receber as mulheres, acolhendo-as e dando condições para demonstrarem seu potencial – sem que precisem trabalhar mais do que o homem para isso.

Da mesma forma, os próprios colaboradores que já estão incluídos e reconhecidos em seu ambiente profissional – independe do gênero – devem colaborar para solução de desequilíbrios, ajudando na inclusão das mulheres na Segurança da Informação.

Diversas empresas têm apoiado a diversidade na tecnologia porque sabem que são parte da solução. A IBLISS é uma delas porque acredita que diversidade é essencial para o ambiente organizacional e para a sociedade e que ter uma visão evolutiva das ameaças e riscos ajudarão a anular as ameaças que possam impactar a continuidade de negócio – saiba mais:

CYBER PROTECTION

IBLISS realiza 1º Encontro WOMCY 

Uma das formas de aumentar a participação da mulher na segurança da informação é com iniciativas que levem à reflexão sobre o assunto, bem como incentivem a inserção feminina na Tecnologia da Informação.

Um bom exemplo é o 1º encontro Womcy. Com patrocínio da IBLISS e apoio do Itaú, o evento vai debater representatividade feminina na segurança digital, os principais desafios das empresas nacionais em lidar com as ameaças da rede e o que esperar do novo cenário legislativo em torno da cibersegurança.

O 1º Encontro Womcy contará com palestras sobre Estratégias de Segurança da Informação, Gestão de Riscos, DevSecOps e Soft Skills, além da oportunidade de ter uma mentoria “one a one” com os especialistas presentes no evento.

O evento ainda vai abordar os desafios da segurança da informação nos tempos atuais, os passos essenciais para a aplicação rigorosa do que está expresso na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e muito mais – confira a seguir os módulos que serão abordados durante o 1º Encontro Womcy.

Importância da Gestão de Riscos para a maturidade da Segurança da Informação

A gestão da segurança digital é fundamental – e dentro das empresas já deixou de ser preocupação apenas dos profissionais da área de TI faz tempo!

Cuidar da segurança da informação, hoje em dia, se trata de uma decisão estratégica que visa o bem-estar e a segurança de ativos e negócios que estão atrelados à tecnologia.

Atuar na gestão de riscos, e investir na qualidade dos sistemas, é uma decisão que permite observar o panorama da segurança cibernética dentro da empresa, diagnosticando as principais ameaças e atuando de forma a otimizar a estrutura para contê-las.

O objetivo final de uma gestão de riscos em segurança da informação é minimizar o número de ocorrências que possam afetar o sistema e comprometer dados.

Formalizar o processo de gestão de riscos, com a estratégia da empresa, é um primeiro passo. Depois é preciso definir a rotina das avaliações periódicas e os responsáveis para tratar da eventual ameaça e apresentar os resultados.

Desafios para construção da Estratégia de SI e a LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que visa estabelecer critérios para a transferência, o armazenamento e registro de dados pessoais na rede, já exigiu das empresas inúmeras adaptações, como a criação de novas estratégias, novos cargos e até a contratação de mão de obra.

De fato, a LGPD, desde que foi aprovada em 2018 e passando por toda sua fase de adaptação no decorrer de 2019,  movimentou o mercado da tecnologia em todas as suas dimensões, afetando inclusive empresas que têm sede no exterior, mas movimentam negócios no Brasil.

Em linhas gerais, podemos resumir os principais desafios como sendo a colaboração entre as principais instâncias do processo, a obtenção de mão de obra engajada em contribuir com a SI, a criação de uma cultura que possa disseminar boas práticas em cibersegurança, entre outros aspectos.

DevSecOps – SDLC e Security by Design

No campo da segurança da informação, alguns processos podem atravancar a agilidade – tão necessária em meio à rede multiconectada.

Mas como garantir a proteção dos ativos, e ao mesmo tempo uma entrega rápida e satisfatória ao cliente final, uma vez que o cenário de ameaças está em constante evolução?

O DevSecOps é uma forma de agilizar as práticas de segurança. Ele permite isso ao integrar todas as atualizações e correções em termos de segurança desde o início do processo de codagem de um software.

As partes atreladas à segurança das aplicações devem ser automatizadas e codificadas como parte do pipeline de entregas.

Soft Skills essenciais para as mulheres em cibersegurança

Normalmente, os soft skills estão relacionados à comunicação interpessoal, à capacidade de se relacionar bem com as pessoas. São aspectos comportamentais muito atrelados à inteligência emocional.

Algumas das soft skills mais valorizadas dentro das empresas são: liderança para gerir equipes, empatia para entender colegas e mediar conflitos, resiliência para lidar com adversidades, comunicação verdadeira e eficaz, ética e responsabilidade com o trabalho.

Sobre a WOMCY

A WOMCY é uma organização sem fins lucrativos, composta por mulheres, com foco no desenvolvimento da segurança cibernética na América Latina. Seu principal objetivo é minimizar a lacuna de conhecimento e aumentar o grupo de talentos em segurança cibernética na América Latina.

A WOMCY oferece programas para os segmentos corporativo e educacional em escolas, universidades e fundações, além de alcançar uma vasta rede de profissionais de segurança cibernética na América Latina.

A IBLISS acredita na diversidade e inclusão como forma de um ambiente organizacional mais eficiente e uma sociedade mais justa. Para isso aposta na competência da mulher na Segurança da Informação e abraçou o 1º Encontro Womcy.

Além disso, produz conteúdos relevantes sobre o tema, como os dois artigos que selecionamos para sua leitura:

Mulheres e TI: construindo um ambiente mais acolhedor em tecnologia

Mães conectadas podem preparar seus filhos para acessos virtuais mais conscientes e seguros